Acolhida na Colônia

SC Rural foi um divisor de águas para o agroturismo

13.11.2023

Vamos relembrar uma notícia que saiu em 2016 durante o Seminário da Acolhida na Colônia.

 

Seminário realizado no plenarinho da Assembléia Legislativa deu posse à primeira Diretoria da Federação Catarinense de Agroturismo Acolhida na Colônia.  Constituída por cinco associações regionais da Acolhida na Colônia – iniciativa que surgiu em 1999 no Município de Santa Rosa de Lima, Sul do estado, ampliada por associações microrregionais semelhantes fundadas nos municípios de Urubici, Rio do Sul, Ituporanga e Indaial – a federação é presidida pelo agricultor familiar e empresário do Agroturismo Dilmo Israel, de Urubici. Hoje a federação está presente em 25 municípios, englobando 120 famílias de agricultores familiares que também acreditam (e investem) no Agroturismo como atividade capaz de agregar renda.

No seminário os cerca de 100 associados presentes participaram de debate sobre o Programa SC Rural, que já destinou R$ 5,2 milhões a projetos de apoio a empreendimentos ligados à Acolhida na Colônia. Os recursos alavancaram a atividade com ampliações e melhorias de instalações, compra de equipamentos e recuperação de estradas de acesso aos empreendimentos, entre outros benefícios.

 

“Um divisor de água para nós”

“A ação do Governo do estado através do SC Rural foi um divisor de águas para nós – falo isso em nome de Urubici e das demais associações da Acolhida na Colônia. Ele deu o aporte financeiro para fazer esse investimento, o agricultor não teria condições de fazer. Com essa ajuda do estado ele conseguiu andar, conseguiu praticamente dobrar a capacidade de hospedagem e de atendimento, e inserir muitos outros que não tinham condições de fazer o investimento inicial, dentro do circuito de turismo. Isso com certeza mudou completamente a vida das famílias apoiadas pelo projeto”, afirma o presidente Dilmo Israel.

Sobre o trabalho à frente da federação, ele destaca que irá “continuar o trabalho que começou em 1999 e corresponder às expectativas de crescimento dos agricultores, pois em alguns casos ainda existem dificuldades de acesso, de comunicação, a Internet não chegou à maioria dos agricultores. Vamos acompanhar essa evolução de forma a dar oportunidades iguais para todos.

Para o presidente, “hoje nossa maior demanda é a aprovação da Lei do Traf (que normatiza o turismo da agricultura familiar). Essa lei significa o reconhecimento do turismo dentro da agricultura familiar. Em termos práticos a lei vai nos dar a condição de tirar nota fiscal de produtor rural para serviços de turismo na agricultura familiar, tanto de hospedagem como de alimentação”. A lei, segundo Dilmo, deve ser votada na Assembléia Legislativa neste ano.

“Foi um salto de qualidade”

Sebastião Vanderlinde, associado e integrante da equipe técnica da Acolhida na Colônia de Santa Rosa de Lima, revela números que atestam o crescimento do setor em Santa Catarina: “Olhando (Agroturismo) pela Acolhida na Colônia eu diria que nós temos o antes do SC Rural e o depois do SC Rural. Temos aproximadamente 120 associados na Acolhida e desses 52 já acessaram recursos ou vão acessar agora. Em Santa Rosa de Lima – o primeiro município a operar um projeto do SC Rural – tínhamos 50 leitos e hoje são 100 leitos; na serra catarinense tínhamos 45 leitos e hoje temos 85, e assim também acontece nas demais regionais da Acolhida na Colônia. O SC Rural foi um salto de qualidade para a Acolhida na Colônia, foi motivo de organização, provocou um debate interno, obrigou o grupo a se organizar melhor – o recurso é acessado em grupos de pelo menos 10 agricultores articulados – necessariamente exigiu debates, pensar a associação, fazer um plano de negócios, pensar o teu negócio, fazer capacitações. É um conjunto de ações, além dos recursos, que são ações muito importantes”.

Conforme Vanderlinde, “o maior desafio hoje do Agroturismo é a assistência técnica, mas também o mercado: Estamos lidando com propriedades rurais onde os agricultores têm sua lida, o seu dia-a-dia na propriedade, e mais o Agroturismo. Ele não é a única atividade e nem sempre é a que lhe dá o maior retorno financeiro no momento. Então é importante o nosso associado perceber que isso é um processo em construção. Temos hoje associados bem estruturados – que têm no Agroturismo a sua principal renda, e temos os que estão em vias de se consolidar”.

Agroturismo e SC Rural: Um casamento perfeito

Presente ao seminário, o diretor de projetos especiais da Secretaria da Agricultura e da Pesca, Ditmar Zimath destaca que “o Governo do Estado com o Programa SC Rural trabalha para tornar o ambiente rural e pesqueiro favorável a investimentos: atrativo, menos burocrático, com um estado mais ágil e mais presente. E no SC Rural foram priorizadas ações junto às organizações dos produtores. A Acolhida na Colônia – pelo fato de já estar estruturada com associações e agora com a federação – teve condições de dar uma resposta ainda melhor, permitiu que eles apresentassem várias propostas de apoio. E o SC Rural não é um programa de produção agropecuária, é um programa de fomento a atividades no meio rural e pesqueiro. E a atividade de Agroturismo promovida pela Associação teve um casamento perfeito com o programa SC Rural: Hoje com os quatro projetos apoiados, alguns concluídos outros em andamento chegamos a um investimento total de 5,2 milhões de reais. São recursos para associações, para melhoria das propriedades, da infra estrutura de estradas e de comunicação, houve toda uma movimentação nestas comunidades e municípios, tornando o ambiente melhor”.

Ditmar também chama a atenção para atividade de turismo por ela trazer toda uma nova dinâmica de desenvolvimento: “Você atrai pessoas de fora do município, de outras regiões, de outros estados e países para conhecer. E ao mesmo tempo cria outras oportunidades de negócios no entorno. Mesmo as propriedades que não têm envolvimento direto com o Agroturismo têm a oportunidade de venda de artesanato, de produtos agropecuários e até a venda de outros serviços. Porque os turistas não vêm apenas para conhecer a produção da agricultura familiar, muitas vezes querem atividades de lazer, com equipamentos de turismo, pesque pague, parques aquáticos, passeios, rotas, trilhas, há ene outras possibilidades que se abrem. Isso traz oportunidades aos agricultores, para as comunidades e para os municípios”.

Valorização e auto-estima

Para o Dirigente do SC Rural, também há outros benefícios nem sempre visíveis, além da agregação de renda: “O Agroturismo viabiliza visitas às propriedades rurais com certa frequência por pessoas que não costumam freqüentar o círculo de convivência de um agricultor. São pessoas que vêm conhecer como funciona a agricultura familiar, e isso cria vários aspectos positivos, mexe com as pessoas, faz com que as pessoas pensem, que elas leiam mais, procurem saber mais. E também faz bem para o ego: Receber pessoas que vêm conhecer a nossa experiência de vida, compartilhar isso…Por si só isso já é um reconhecimento, uma valorização e uma melhora da auto-estima. Não há dúvidas que isso mexe com a vida dessas famílias, dos jovens e de toda a comunidade envolvida com esse processo”.

Acolhida na Colônia exporta seu sucesso

Thaíse Costa Guzzatti, Engenheira agrônoma, professora da Ufsc e co-fundadora da Associação Acolhida na Colônia  de Santa Rosa de Lima, em 1999, revela parte da trajetória de conquistas da entidade neste novo nicho de agregação de renda para a agricultura familiar.

“Começamos com a colaboração dos municípios do entorno de Santa Rosa de Lima, municípios pequenos. Criamos a primeira associação e à medida que a experiência foi se disseminando, foi crescendo. Mas foi difícil, um processo muito lento, pois estamos falando de levar turismo para municípios essencialmente rurais, que geralmente não possuíam tradição no turismo, pouca infraestrutura, muito mais dificuldades do que facilidades… começamos do zero. Claro que contamos com a fortaleza, digamos assim, das paisagens, do acolhimento da agricultura familiar… mas tudo a se desenvolver – tanto no município como nas propriedades rurais. Tínhamos propriedades empobrecidas, com baixa auto-estima… e reverter isso é um processo lento. Mas em Santa Rosa de Lima apareceram demandas, expandimos para outras regiões. Lá por 2005 começamos a nos dar conta que não adiantava associar novos agricultores porque dada a distância e a dificuldade que o pessoal tem para se deslocar, seria muito difícil ter a participação efetiva dos agricultores na associação. Então optamos por criar novas associações, concedendo a marca, com os mesmos princípios, mas em entidades autônomas. Criou – se a segunda, na serra, mais uma no vale do Itajaí e hoje temos cinco associações. Sentimos então a necessidade de criar um ente que pudesse responder por todas elas, porque temos ações – por exemplo, a gestão do nosso site, a nossa central de reservas  e até o estabelecimento de parcerias com o governo federal e o governo do estado, que às vezes acontecem melhor no âmbito de uma entidade que represente todas. Por isso a federação é tão importante. No ano passado começamos a expansão para fora do estado e já temos uma associação no Rio de Janeiro, no município de Casemiro de Abreu”.

O “Turismo de convivência”

Para Thaíse a maneira de receber e de hospedar turistas no âmbito da Acolhida na Colônia tem uma diferença fundamental do que se convencionou chamar de Turismo Rural: “Temos (no Brasil) muitas iniciativas de Agroturismo – não gostamos de usar “Turismo Rural”, porque para nós tem uma diferença: Nosso conceito é Agroturismo, agricultura mais turismo. É o turismo vinculado à agricultura familiar. Enquanto que o Turismo Rural refere-se a estabelecimentos rurais, no meio rural, mas não necessariamente é uma propriedade rural, ativa. A gente gosta de fazer essa diferença, porque nós não temos um hotel no meio rural, na Acolhida na Colônia. Nós temos propriedades rurais que se abrem ao turismo de convivência, de troca…a gente gosta de dizer que é um turismo de conteúdo, de proximidades, de relações, e é interessante porque é um modelo de turismo que está se desenvolvendo muito, mesmo na área urbana. Mesmo no turismo tradicional questiona-se muito hoje o turismo de massa, de visitar dez países em cinco dias. As pessoas hoje estão optando por hospedagens diferenciadas, nas casas das pessoas, a propaganda desse turismo é “alugue seu sofá”…Os agricultores que estão aqui nesse seminário hoje são a prova do êxito do Agroturismo. A gente está, sim, conseguindo êxito”.

Fonte: SC Rural



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